Após recorde de público e Majestoso, Brasília volta a receber seleção brasileira
Com reforma do gramado, estádio Mané Garrincha virou o queridinho dos clubes.
Publicado por Exame em 16/10/24

estádio Mané Garrincha, em Brasília, se tornou a ‘capital do futebol’ nas últimas semanas, nesta semana sacramentada com o duelo entre o Brasil e Peru, que acontece nesta terça-feira (15), pelas Eliminatórias da Copa. Durante o mês de setembro, recebeu o clássico Majestoso entre São Paulo e Corinthians, que terminou com vitória tricolor por 3×1, e o grande confronto nacional entre Vasco e Palmeiras, que simplesmente contou com o maior público pagante do futebol brasileiro na temporada, com 62.186 pessoas – foram mais de 64 mil presentes, e uma renda que ultrapassou os R$ 7 milhões.

Neste ano, o estádio já sediou três confrontos importantes, sendo dois deles com mando do Juventude, que empatou seus duelos contra o Atlético-MG e o São Paulo. Já pela Copa do Brasil, foi o Nova Iguaçu-RJ quem levou seu jogo para o local contra mais uma potência brasileira, o Internacional, que venceu e passou de fase.

Nas últimas temporadas, o Mané Garrincha também foi palco de algumas decisões, entre eles, em 2021 e 2023, em dois grandes confrontos envolvendo Palmeiras e Flamengo. Na primeira oportunidade, os cariocas sagraram-se campeões nas penalidades, enquanto no ano passado, o Verdão venceu em jogo eletrizante, por 4×3.

Já em 2021, foi a vez de uma decisão internacional acontecer na arena, desta vez pela Copa Sul-Americana de 2021, com vitória nas penalidades do Defesa y Justicia, da Argentina, sobre o Palmeiras.

“Essa é uma demanda que vem desde a Copa do Mundo realizada no Brasil, em 2014. As arenas seguem precisando mostrar a que vieram, até pra justificar o investimento que foi feito em cada uma delas. Brasília, então, surge como uma possibilidade muito boa. Apesar de não ter tanto apelo para utilização por parte dos clubes que lá estão, o estádio possui nível de arenas europeias, o que propicia uma boa experiência tanto para quem joga, quanto para quem assiste. Não é raro ver clubes alternando seus mandos de campo para lá, quando há uma partida importante, com grande público. Aos clubes, vale a pesquisa sobre a aderência do seu público, quanto às ações que podem ser realizadas in loco, mas já podemos dizer que é uma estratégia que vem ganhando força ao longo dos anos”, analisa Jorge Duarte, gerente de marketing e esportes da Somos Young.

De acordo com a secretaria de Turismo do estado, o Mané Garrincha se consolida como um dos principais pontos turísticos para quem está na capital do país. Assim como ocorre com o Palácio do Planalto, Planetário e Templo da Boa Vontade, entre outros locais, o estádio é um dos monumentos mais procurados do Distrito Federal aos finais de semana por turistas e brasilienses. O tour guiado, por exemplo, pode ser feito pelo valor de R$55,00 durante a semana, e R$80,00 aos finais de semana.

O movimento de jogos, e também de shows em Brasília, que aumentou, fez a taxa de ocupação nos hotéis subir para 65,71% em 2023, fazendo ultrapassar o período pré-pandemia: em 2019, por exemplo, a ocupação foi de 59,43%. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal (Abih-DF), que prevê um projeção ainda maior para 2024. A arrecadação com ISS era de R$ 7 milhões em 2018, e em 2023 subiu para R$ 35 milhões.

“Seja por uma necessidade circunstancial, seja como um projeto de nacionalização dos clubes, esse movimento deveria ser realizado dentro do planejamento do calendário. Muitas agremiações possuem torcidas nacionais, e olhando o futebol também como entretenimento, sem desconsiderar uma modernização no calendário e a saúde mental e física dos atletas, me parece fazer muito sentido levar jogos importantes e de grandes times para outras regiões do país. Movimenta e economia local e reforça o sentido de pertencimento dos torcedores que estão longe fisicamente do seu time do coração”, afirma Reginaldo Diniz, CEO e sócio-fundador da End to End, empresa que conecta o torcedor à sua paixão e é um hub de soluções e engajamento para o mercado esportivo.

Espaços de coworking também ganham destaque

Após a Copa do Mundo de 2014, alguns estádios que receberam o torneio receberam o apelido de “elefantes brancos”, determinado para obras que receberam grandes investimentos mas tiveram pouca utilidade. Um dos locais que recebeu a alcunha foi a Arena BRB Mané Garrincha, localizada em Brasília.

Com o maior investimento entre os 12 campos da Copa (cerca de R$ 1,4 bi), o Mané Garrincha acabou sendo pouco utilizado por clubes da região. Porém, 10 anos depois do torneio, conseguiu se reinventar e agora não é mais só um espaço para partidas de futebol, mas também para empresas.

Sem competições a serem disputadas nos gramados, o estádio abriu as portas para os espaços de coworking. A concessionária que administra o local transformou partes dos camarotes em escritórios, que são alugados para diversas companhias.

As empresas estão instaladas no terceiro andar da arena, ocupando um total de 6 mil m² dos setores locados. A estimativa da administração é de que 800 pessoas estão trabalhando nos espaços de coworking do Mané Garrincha.

“Após a Copa do Mundo e a reforma do estádio, o Mané Garrincha ganhou uma relevância ainda maior no futebol nacional. Por isso, é interessante que o local aproveite a sua estrutura e traga alternativas para que seus espaços sejam bem utilizados pelos torcedores. É importante pensar sempre em proporcionar experiências memoráveis aos fãs”, aponta Léo Rizzo, CEO da Soccer Hospitality, empresa que administra camarotes nos principais estádios do Brasil.

“Do ponto de vista comercial, quanto mais opções de entretenimento o Mané Garrincha tiver, melhor vai ser para o estádio a longo prazo. As ações feitas pelos administradores da arena podem dar mais visibilidade e ajudar a trazer mais eventos para o local, já que nenhum time de Brasília atua lá regularmente”, corrobora Renê Salviano, especialista em marketing esportivo.

Reforma do gramado

Uma das principais críticas dos clubes, elencos e comissões técnicas que jogavam no Mané Garrincha era o gramado, que jamais havia sido trocado desde a realização da Copa do Mundo em 2014. Nos últimos meses, visando justamente a carga de jogos nas próximas semanas, o estádio passou por uma ampla reforma, com a retirada completa do gramado, nivelamento a laser, replantio minucioso e cuidados regulares durante todo o processo.

“Brasília possuí uma farta rede hoteleira e um dos principais estádios que foi sede da Copa do Mundo de 2014. Com a grama em bom estado de conversação, trata-se de uma ótima opção de mando de jogo, afinal a capital do país possuí boa renda per capita e possuí torcedores de alguns dos principais clubes do país”, complementa Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.

Os oito mil metros quadrados de grama pronta para o plantio desembarcaram no estádio no dia 20 de agosto, e desde então, os rolos já foram sendo retirados e plantados no gramado da Arena. Esse processo de replantio em rolos, sentido Norte-Sul, teve o objetivo de garantir a qualidade do campo, assegurar padrões elevados de desempenho e segurança para todos os jogos que serão realizados.

“A reforma do gramado do Estádio Mané Garrincha marca um importante avanço em termos de infraestrutura esportiva. Sendo uma arena de padrão Copa do Mundo, é essencial que ofereça condições ideais para a realização de grandes eventos. A substituição completa do gramado, aliada ao uso de tecnologias de ponta, como o nivelamento a laser e o replantio em rolos, assegura não apenas a preparação adequada para a intensa agenda de jogos, mas também eleva significativamente os padrões de desempenho e segurança. Essas melhorias garantem que o campo esteja à altura dos principais jogos, incluindo compromissos da seleção brasileira”, comenta Otávio Pedroso, arquiteto da Recoma, a maior empresa de infraestrutura esportiva da América Latina.

Soccer Hospitality, CNPJ 0000000/0001-00
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